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O boletim de vacinas sempre em dia


Por: Sara Calisto

Hoje vamos falar sobre medicina preventiva, que é uma área da medicina que eu considero super importante e que muitas vezes é descorada.

Quando falamos em medicina preventiva, esta visa prevenir a doença em vez de a tratar, o que apenas é possível, com bons protocolos vacinais e de desparasitação, assim como, check-ups regulares.

Não esquecendo, que também os protocolos devem ser adequados ao estilo de vida do animal em questão, tendo o médico veterinário um papel essencial na elaboração deste esquema vacinal e de desparasitação.

O início da vacinação, terá lugar por volta da 6-8 semanas, sendo que esta, em específico deverá desencadear uma resposta imune contra pelo menos os vírus responsáveis pela parvovirose e pela esgana, ambas doenças graves e frequentemente fatais.

As vacinas polivalentes ou vacinas múltiplas, como o próprio nome indica, são vacinas que conferem proteção simultânea para mais do que um agente infecioso e estas são administradas após as 8 semanas de vida do cão, conferindo proteção para a parvovirose, esgana, hepatite, parainfluenza e leptospirose.

Embora as vacinas múltiplas não sejam vacinas de administração obrigatória, estão entre as vacinas para cães de maior importância, uma vez que é a melhor forma de prevenirmos/atenuarmos algumas doenças infeciosas que podem ser perigosas para os nossos animais de companhia.

Necessitam de 2 a 3 reforços com espaçamento de 1 mês entre eles, para que o cão fique corretamente imunizado.

Vamos então abordar alguns pontos importantes sobre cada uma delas, não só, porque o seu conhecimento e profilaxia pode ser a chave para um cão saudável, mas também porque interpretar sintomas precocemente pode levar a uma atuação mais rápida e eficaz do médico veterinário e consequentemente melhorar o prognóstico.

A vacina antirrábica


A vacina da raiva é obrigatória por lei, e é administrada normalmente às 12 semanas e é obrigatória em cães em Portugal desde 1925, e constitui a medida de prevenção mais importante contra a doença. Esta é uma doença viral que afeta o sistema nervoso central, sendo que a doença se manifesta em três fases distintas:

  • Fase prodrómica (1-3 dias): não apresenta sintomatologia especifica, podendo apenas apresentar alterações comportamentais ligeiras como sono, agitação, fotofobia e excesso de confiança.
  • A segunda fase é a de excitação (dura 3-4 dias), na qual o animal apresenta agitação e agressividade extrema, prurido na zona da dentada, excesso de confiança, midríase e sensibilidade a ruídos.
  • Fase de paralisia (dura 2-4 dias), na qual ocorre paralisia muscular, perda da capacidade de deglutição, hipersialia, mandibula caída, vocalizações e por fim paralisia dos músculos respiratórios.

 A transmissão da raiva canina ocorre, maioritariamente, através da mordedura de um animal infetado, com a consequente inoculação do vírus. O último caso autóctone de raiva em Portugal foi registado em 1960.

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Prevenir a esgana


A esgana canina é uma doença viral de evolução rápida, altamente contagiosa e frequentemente fatal, para a qual não há tratamento específico.

É causada por um vírus e a sua transmissão pode ocorrer através do contacto com saliva, urina, fezes ou secreções respiratórias infetadas. Tem tropismo para o sistema respiratório, gastrointestinal, urinário e sistema nervoso central.

Os sinais clínicos são vastos, sendo que o animal pode apresentar sintomas neurológicos, respiratórios, gastrointestinais, entre outros.

Já o tratamento é maioritariamente de suporte uma vez que é uma doença sem cura. 

Prevenir a Parvovirose


A parvovirose é uma doença viral que tem tropismo especialmente para células em divisão. Afeta, principalmente, as células intestinais e da medula óssea. A transmissão ocorre por via oral quando o cão contacta com o vírus no meio ambiente.

Quanto aos sinais clínicos, os mais comuns são gastrenterites agudas acompanhadas de anorexia, vómito, desidratação, prostração e diarreias abundantes e hemorrágicas.

Os quadros mais graves, podem apresentar icterícia, coagulação intravascular disseminada, choque ou mesmo a morte. Consoante o quadro clínico, podem estar indicados antibióticos, antieméticos, analgésicos e protetores gástricos, entre outros.

Normalmente, está indicado o internamento dos cachorros a fim de prevenir a desidratação causada pelos quadros de vómito e diarreia.

A melhor maneira de prevenir a doença é através da vacinação e evitando o contacto deste com o agente até ter terminado a primovacinação do cachorro.

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Prevenir a Leptospirose


A Leptospirose é uma zoonose causada pela infeção com bactérias do género Leptospira, a sua via de transmissão é urinaria, mas também pode ser transmitida por via transplacentaria, por mordedura, por contacto com ratos ou por ingestão de carcaças contaminadas.

Os sintomas de Leptospirose podem ser agudos ou crónicos.

O tratamento é feito normalmente com antibióticos específicos e na maior parte dos casos, os cães afetados necessitam de internamento para terapia de suporte.

Hepatite canina


Quanto à hepatite infeciosa, a inflamação do fígado é originada pelo adenovírus canino tipo I, que é uma doença viral e aguda.

A sua transmissão ocorre através da urina, água contaminada ou objetos contaminados e os sintomas são vastos, apresentando o animal Icterícia (coloração amarela nos olhos e mucosas), dor abdominal, prostração, febre, convulsões, perda de apetite, vómitos, edemas, entre outros.

No caso da hepatite infeciosa ou viral, o tratamento é sintomático uma vez que não existe cura, podem-se utilizar antibióticos para controlar infeções secundárias, fluidos para prevenir a desidratação, protetores hepáticos e uma dieta hipoproteíca.

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Tosse do Canil, uma doença respiratória canina


A tosse do canil ou traqueobronquite infeciosa, é uma patologia respiratória complexa e de fácil propagação nos animais de companhia.

Entre os vários agentes infeciosos envolvidos, os mais comuns são a Bordetella bronchiseptica que é uma bactéria e o vírus da Parainfluenza canina.

Quando infetados, os sintomas podem aparecer entre 3 a 10 dias, sendo o principal uma tosse seca e persistente.

Esta é uma das doenças infeciosas mais diagnosticada em cães, pela sua facilidade de transmissão.

Os casos mais graves da doença, podem apresentar pneumonia e até mesmo colocar em perigo a vida dos nossos cães quando estes, se encontram mais debilitados.

De acordo com a gravidade das lesões, esta doença pode demorar alguns dias ou até semanas a desaparecer.

Ainda que sem sintomas, o cão pode disseminar o agente durante alguns meses, sendo fonte de contágio para outros animais.

É uma patologia que pode afetar qualquer cão, mesmo que saudável e em qualquer idade, este pode ser contaminado no passeio, no hotel, em parques ou em qualquer outro sítio onde possa contactar com um cão infetado.

Quanto ao tratamento, normalmente a infeção é auto limitante, ou seja, resolve-se por si entre 7 a 14 dias, porém, alguns casos em que os sintomas são mais exuberantes necessitam de terapêutica.

Numa altura em que tanto se fala sobre vacinação, é importante que os donos estejam cientes da sua importância.

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