Selecção de Enófilos do Alentejo branco 2015
Por: João Pedro Carvalho
Desta vez rumamos ao Alentejo, à terra que me viu nascer e no que toca ao vinho que produz, se viu dividida em oito sub-regiões: Portalegre, Borba, Évora, Redondo, Reguengos, Granja-Amareleja, Vidigueira e Moura. Muitas delas ganharam fama ao longo de gerações, pelos mais de 50 anos que levam a colocar vinho na mesa dos consumidores. Em alguns casos chegaram a ser o expoente máximo da qualidade de determinada sub-região, tempos que ainda hoje ecoam na memória dos consumidores.
Na minha casa e em tempos idos, as conversas que os mais velhos faziam levavam quase sempre para que a escolha entre brancos e tintos fosse dividida entre as duas Adegas Cooperativas mais próximas, para brancos a Adega de Redondo e para tintos a Adega de Borba. Na passada larga do tempo e na saudade dos que já cá não estão para contarem todas aquelas histórias, a verdade é que hoje em dia as coisas já não são tão bem assim. Digamos que em termos de qualidade, tanto em brancos como em tintos, a coisa ficou ela por ela e é possível encontrar bons vinhos um pouco por todo o lado.
Enquanto escrevo penso no que vou fazer para o almoço, algo que tem de ligar bem com este Selecção de Enófilos Alentejo branco 2015. Decidi-me por um dos pratos que sempre ligou bem e que tantas vezes foi acompanhado ao balcão por um copo de vinho branco, as Iscas com Elas. Cortadas bem finas e marinadas com antecedência, se possível que sejam de borrego para que a experiência se eleve para outro patamar. Mas para que a ligação seja plena é preciso que o branco tenha uma boa frescura e estrutura suficiente para cortar e aguentar a pujança do prato e manter o palato apurado garfada após garfada, como é o caso.
O casamento entre aromas e sabores é quase sempre certeiro, num turbilhão de emoções difícil de descrever. O vinho porta-se à altura, fresco e tenso, com fruta de pomar e ligeiro vegetal fresco de fundo, claramente de perfil gastronómico. Para os que não gostavam de iscas, fiz uns Mexilhões à Bulhão Pato. Foi de beber e chorar por mais! Até à próxima.
O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.