Selecção de Enófilos Da Bairrada Reserva 2011
Por: João Pedro Carvalho
É sabido que o consumidor não perde muito tempo com os vinhos que compra e que a procura se centra em vinhos de trago fácil e que acompanhem da melhor forma possível o jantar após um cansativo dia de trabalho. Numa era em que se vive em constante correria e onde o tempo parece escorrer por entre os dedos, são esses vinhos mais prontos a beber, mais macios e arredondados, que retiram qualquer espaço aos que após a compra ainda necessitam de uns bons anos de descanso na garrafa.
Impera pois a regra do beber a curto prazo aquilo que se compra, este motivo associado a tantas outros foi motivo pelo qual durante anos a fio a Bairrada teve de conviver com esse afastamento por parte do consumidor, os vinhos na grande maioria mostravam-se duros, pouco apelativos e com a grande maioria a pedir tempo de garrafa. Ora é esse tempo que o consumidor nunca quis dar, como consequência toda uma região se viu mergulhada numa crise profunda onde apenas alguns produtores face à qualidade e excelência dos seus vinhos se conseguiram impor e tornar com o tempo autênticos motores de promoção da região.
Porém nos últimos anos tem-se assistido a um renascimento da região, fruto de uma vontade conjunta dos produtores Bairradinos em mostrar essa mesma mudança. Uma mudança que não implica um afastamento daquilo que é o registo/perfil da região, mas que de certa forma tem vindo a cativar um pouco mais os consumidores para o que de melhor a região tem para oferecer. A realidade é que os novos vinhos mostram-se muito apelativos e também em alguns casos já permitem uma abordagem mais fácil na hora de serem consumidos.
Podemos sempre olhar com algum saudosismo para algumas pérolas que ficaram perdidas no tempo, vinhos de antologia de tempos que já não voltam, mas a vida é feita daqueles que cá estão e é com esses que o consumidor no dia de hoje pode contar. Resta portanto dar a oportunidade mais que merecida aos novos vinhos da região, tal como este Bairrada Selecção dos Enófilos Reserva 2011. Um tinto que mostra claramente uma faceta mais moderna se assim lhe quisermos chamar, numa combinação da tradicional casta Baga com a casta Touriga Nacional. Sem virar costas à região, faz-se notar a sua origem, é vinho que gozando de uma boa acidez num conjunto de aromas e sabores a frutos vermelhos bem maduros e ácidos, acompanha muito bem pratos com alguma gordura e de bom tempero, desde uma boa chanfana a um pernil de porco assado no forno.
O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.