
Lactose
Por: Lillian Barros
Se pesquisarmos por “lactose” no Google somos inundados com milhões de resultados sobre este tema.
De facto, é um tópico que continua a despertar muitas dúvidas, e são já muitas as pessoas que excluíram a lactose da sua alimentação, muitas vezes sem realmente compreenderem o porquê desta exclusão.
Por isso, convém percebermos o que é a lactose e analisarmos se faz ou não sentido excluí-la do nosso dia a dia.
O que é a lactose e a intolerância à lactose?
A lactose é um dissacárido, ou seja, um açúcar, presente no leite e, em menor quantidade, nos seus derivados, nomeadamente no iogurte e em alguns queijos.
No entanto, embora algumas pessoas a consigam digerir sem qualquer problema, outras apenas são capazes de ingerir pequenas quantidades, e outras têm sintomas mesmo com ingestões mínimas.
De facto, a intolerância à lactose é muito comum. Estima-se que apenas cerca de 1/4 a 1/3 das pessoas mantém a capacidade de digerir a lactose até à idade adulta.
A Intolerância à lactose decorre da dificuldade do organismo processar este açúcar, devido à diminuição ou à ausência de lactase, a enzima que a digere.
Como a lactose não é digerida, as bactérias do intestino vão fermentá-la e provocar a sintomatologia mais comum associada a esta intolerância, que inclui dores de estômago, cólicas, flatulência, inchaço abdominal, diarreia e náuseas.


Causas da intolerância à lactose
A causa mais comum da intolerância à lactose é a deficiência primária de láctase, que ocorre na idade adulta e deve-se a vários polimorfismos na região promotora da transcrição do gene da láctase.
Outras causas:
- incluem deficiência congénita devido a uma mutação genética;
- deficiência de láctase durante o desenvolvimento (por exemplo, os recém-nascidos prematuros geralmente produzem láctase insuficiente);
- deficiência secundária, devido a patologias que afetam o intestino delgado proximal, tais como doenças virais, parasitas, doença celíaca, desnutrição, exposição a radiação, cirurgia gastrointestinal e alguns medicamentos.
Nesta última causa, após a resolução destes episódios, as vilosidades intestinais podem recuperar e a digestão da lactose pode melhorar.
Nem tudo é intolerância à Lactose
É de realçar, que nem sempre o desconforto se deve efetivamente a uma intolerância à lactose.
Na verdade, existem diversos fatores que podem provocar desconforto abdominal, nomeadamente o stress, para além de que o simples facto de acreditarmos que temos uma intolerância pode levar a que tenhamos os seus sintomas.
Mais ainda, podem existir outras causas para o desconforto sentido, pelo que é essencial procurar o verdadeiro motivo dos sintomas e, para isso, podem ser necessárias outras abordagens, nomeadamente uma dieta restrita em FODMAPs.
É de salientar, que esta dieta deverá sempre ser orientada por um nutricionista.
Adicionalmente, é importante lembrar que ao deixarmos de consumir alimentos com lactose o nosso organismo deixa de produzir láctase e aí sim, podemos realmente deixar de conseguir tolerá-los, pelo que devemos sempre consultar um nutricionista para perceber se esta exclusão fará sentido.


Intolerância à lactose vs Alergia à proteína do leite
A intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite são muito diferentes.
A alergia à proteína do leite refere-se a uma resposta do sistema imunitário às proteínas do leite. Os sintomas são normalmente mais graves e podem ser digestivos, cutâneos, respiratórios ou até culminar numa reação anafilática.
Felizmente, o prognóstico geralmente é bom e tende a ser uma patologia transitória.
O leite faz bem ou mal?
À partida, se não sofremos de qualquer intolerância ou má absorção, beber leite não fará mal, antes pelo contrário.
O leite, tal como os restantes produtos lácteos, é um alimento nutricionalmente muito completo, contendo proteínas de alto valor biológico, hidratos de carbono (no qual se inclui a lactose), gordura e, ainda, cálcio, vitamina D e muitos outros micronutrientes.
Inclusivamente, este grupo de alimentos faz parte da dieta mediterrânica e inclui-se nas recomendações da Roda dos Alimentos, numa quantidade de 2 a 3 porções por dia.
Assim, suspender por completo a ingestão de produtos lácteos poderá não ser a melhor opção.
Claro está que no caso de intolerância devemos evitar a lactose, mas tal não significa abolir os laticínios. Muitos indivíduos toleram bem a ingestão de iogurtes e queijos, uma vez que contêm quantidades menores de lactose e, para além disso, atualmente, já existem inúmeras opções sem lactose.
O leite e derivados sem lactose são nutricionalmente idênticos à versão original, com a única diferença de lhes ser adicionada láctase, com o intuito de desdobrar a lactose nos seus componentes mais simples - glicose e galactose (daí o seu sabor mais adocicado), auxiliando o processo digestivo.
Alternativamente, pode tomar-se láctase (em géis, cápsulas ou comprimidos) antes de uma refeição que contenha lactose, para minimizar a sintomatologia.
No caso de alergia à proteína do leite de vaca, todos os produtos lácteos têm de ser excluídos. Para se atingirem as necessidades de cálcio terá de se recorrer a fórmulas infantis adequadas a esta alergia (no caso dos bebés), ou alimentos fortificados, nomeadamente a bebida de soja fortificada e os vegetais de folha verde escura.


Concluindo…
No caso de suspeita de intolerância à lactose é importante procurar-se um nutricionista ou gastroenterologista, de forma a identificar-se se a sintomatologia está efetivamente associada à ingestão de alimentos com lactose.
Em caso afirmativo, deverá reduzir a ingestão deste açúcar, recorrendo-se às versões sem lactose.
Lembre-se que alternativas como as bebidas, “iogurtes” e “queijos” vegetais, não são nutricionalmente equivalentes aos produtos lácteos, pelo que a dieta deverá ser adaptada de forma a permitir responder às necessidades nutricionais de cada indivíduo.
Artigos Lillian Barros

Golden Milk: O que é, Benefícios e Receita
O Golden Milk tem inúmeros benefícios para a saúde e bem-estar.

Superalimentos: alimentação rica e diversificada
Superalimentos, cheios de nutrientes essenciais.

O que levar num piquenique diversificado e saudável?
Opções frias com sabor a Verão para aproveitar o ar livre.